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O som das folhas de papel deslizando umas sobre as outras ecoava no pequeno escritório. A figura baixa e esguia organizava os documentos com precisão, empilhando cada um no lugar certo. Seus dedos finos deslizavam pelas bordas gastas, os olhos castanhos analisando rapidamente cada linha antes de descartar o que não servia mais.

Um último ajuste. As pilhas finalmente estavam ordenadas. Ele soltou um suspiro curto e se recostou na cadeira de madeira, estalando os dedos. O trabalho tedioso havia acabado... pelo menos por enquanto.

Lá fora, a luz pálida do amanhecer se espalhava pela cidade, pintando as casas com tons alaranjados. A brisa leve sacudia os fios loiros que escapavam da franja, mas ele nem sequer se importou. Seus olhos se voltaram para a trilha que começava logo após os muros.

Ele pegou o casaco, ajustou as calças e se levantou.

— A Rodada 25 deve começar em breve — disse ele com uma leve expressão de empolgação, olhando para a trilha à sua frente, seus olhos brilhando com a expectativa.

Com um sorriso discreto, atravessou a porta e partiu em direção à floresta, a mente fervilhando com a curiosidade sobre o quão bons eles seriam desta vez. Será que alguém finalmente conseguiria surpreendê-lo?

Rodada 25: Dia 1, 12:00 – Em algum lugar da floresta

— Hã? — A voz da mulher, de cabelos pretos e olhos verdes, saiu fraca e confusa. Ela piscou várias vezes, tentando entender onde estava. A última coisa que lembrava era de estar atendendo mesas em um restaurante, mas agora se via deitada no chão, em uma floresta estranha. O ar estava frio e pesado, e tudo parecia surreal.

Ela se levantou, com as pernas tremendo, e olhou ao redor. O que estava acontecendo? Então, viu um homem loiro se aproximando, com um sorriso tranquilo.

— Bem-vindos, por favor, usem essas roupas e me acompanhem — Ele disse calmamente, oferecendo-lhes um conjunto de vestimentas.

Olhando ao redor, viu outras sete pessoas no chão, todas tão confusas quanto ela. Aos poucos, começaram a se levantar, pegando suas roupas e seguindo o homem loiro pelo caminho de terra.

— O que está acontecendo? Onde estamos? — Perguntou a mulher ao homem.

— Vocês foram invocados para este mundo como jogadores. Eu sou o encarregado de vir buscar os novatos — Respondeu o homem, terminando a frase com uma pequena risada.

— Quem é você? — Perguntou novamente a mulher.

— Oh, esqueci de me apresentar. Sou Link Nyphan, o administrador geral da Cidade do Amanhecer — Respondeu o homem, parando e se curvando enquanto se apresentava.

— Cidade do Amanhecer? — Perguntou a mulher, parecendo ficar mais confusa a cada resposta dada pelo homem.

— Esse mundo era inabitado, mas um dia, alguns jogadores decidiram erguer uma cidade. Ela se chama "Cidade do Amanhecer" — Respondeu o homem enquanto caminhava, guiando os novatos em direção à cidade.

— Vê? Estamos chegando na cidade — Disse ele, com um grande sorriso no rosto.

A mulher então olhou para o horizonte. Raios de luz do sol nascente iluminavam pequenas casas de madeira e pedra. Pessoas saíam às ruas pela manhã para pegar madeira e construir novas casas, todas com poderes estranhos.

— Uau... que lindo — Disse a mulher, maravilhada.

— O que é aquilo? — Perguntou um dos homens o que acompanhava.

— Aquilo são poderes elementais. Cada um de vocês pode manipular um elemento diferente, então iremos até o campo de treino para testar vocês — Respondeu o homem.

Conforme caminhavam, a mulher começava a perceber que a cidade parecia subdesenvolvida, mais parecida com as aldeias medievais das histórias antigas, ou até mesmo mais rudimentar do que isso.

— A cidade começou a ser construída há dois anos, quando os primeiros jogadores foram invocados. Entre eles, seis pessoas se uniram para fundar este pequeno assentamento — explicou Link aos novos jogadores.

"Como ele sabia o que eu estava pensando?" — Pensou a mulher, surpresa. Todos seguiram o homem loiro até o campo de treinamento, cada um curioso sobre os poderes que poderiam ter adquirido.

— Por sinal, eu não sei o nome de vocês. Poderiam se apresentar? — Perguntou Link ao pequeno grupo que o seguia.

O pequeno grupo começou a se apresentar, compartilhando seus nomes, idades e o que faziam na Terra antes de serem invocados. Até que chegou a vez da mulher.

— Eu sou Choi Haneul — respondeu ela.

— Choi Haneul? Esse nome me parece familiar — disse o homem, antes de ser subitamente interrompido.

— Link! Link! Temos problemas! — A voz aflita cortou a fala de Haneul enquanto um homem avançava apressado em direção ao grupo, segurando um punhado de papéis amassados.

Ele era um pouco baixo e parecia leve demais para a pressa com que se movia. Seu volumoso cabelo castanho escuro escapava debaixo do chapéu, e um tapa-olho cobria o lado direito de seu rosto, deixando apenas seu olhar castanho escuro visível, carregado de urgência.

Ao alcançar Link, inclinou-se levemente e sussurrou:

— Lembra daquele grupo de bandidos que está monopolizando as masmorras? Um grupo de aventureiros acabou de voltar, alegando que foi agredido por eles. Eles querem falar com você agora mesmo.

Link suspirou, seu olhar ficando mais sério.

— Perdão, senhoras e senhores. Um problema urgente surgiu, então o senhor Koya acompanhará o treinamento de vocês até que eu volte — disse ele apressadamente, já se preparando para partir.

Muiizame Koya deu um passo à frente, cruzando os braços enquanto observava Link se afastar às pressas em direção à cidade.

— Eu sou Muiizame Koya e, até o Link voltar, serei responsável por vocês. Agora, prestem atenção, porque vou explicar como usar seus poderes — disse ele, lançando um olhar atento ao grupo.

— Neste mundo, existem oito elementos: Fogo, Terra, Luz, Ar, Gelo, Água, Sombra e Vazio. Cada um deles possui propriedades únicas e depende de uma interpretação para ser manifestado. Por isso, vocês precisam ter uma imagem clara em suas mentes de como usar seus elementos — explicou Muiizame Koya, introduzindo os conceitos básicos de seus poderes.

— Interpretação? — questionou um jovem rapaz, a expressão marcada pela confusão.

— Exatamente. Por exemplo, minha habilidade me permite transmitir calor pelo toque. Como o fogo é uma forma de calor, minha habilidade se encaixa dentro das propriedades do elemento. Desde que sua técnica esteja relacionada ao seu elemento, o único limite será a criatividade de vocês — respondeu Muiizame Koya com um leve sorriso.

— Sabendo disso, tentem usar seus poderes. Se tiverem uma imagem clara de suas habilidades, poderão manipulá-las como se fossem uma extensão do próprio corpo — disse Muiizame Koya, observando o pequeno grupo começar a manifestar suas habilidades aos poucos.

"O que é isso? Foi muito rápido..." — pensou Muiizame Koya ao ver Choi Haneul ser a primeira a despertar seus poder

— Heh, parece que ela tem talento — sussurrou ele para si mesmo.

Rodada 25: Dia 1, 15:00 – Taverna da Cidade do Amanhecer

O cheiro forte de cerveja pairava no ar enquanto grupos de pessoas bebiam e conversavam, preenchendo o ambiente com um burburinho constante. Em meio à agitação, cinco indivíduos feridos estavam sentados em uma mesa, a impaciência estampada em seus rostos enquanto aguardavam a chegada do administrador geral da cidade.

— Onde eles estão? — perguntou Link Nyphan ao balconista da taverna ao se aproximar do balcão.

— Nos fundos, mesa sete — respondeu o balconista sem desviar o olhar de seu trabalho.

— Entendido. Obrigado e desculpe incomodar de novo — disse Link antes de seguir em direção à mesa indicada.

Ao chegar, ele percebeu que os cinco aventureiros estavam cobertos de hematomas graves, como se tivessem sido espancados de forma unilateral por uma força esmagadoramente superior.

— O que aconteceu com vocês? — perguntou Link, puxando uma cadeira para se sentar.

O homem que parecia ser o líder do grupo, vestindo uma armadura gasta e carregando um escudo, soltou um suspiro antes de responder:

— Fomos até a masmorra que vocês indicaram, mas os Dentes de Sabre já haviam tomado controle dela. Tentamos negociar com o líder deles... e ele simplesmente nos atacou.

— Quão forte vocês acham que ele é? — questionou Link, cruzando os braços.

Uma mulher segurando um cajado de madeira quebrado se adiantou, ainda com um olhar carregado de frustração.

— Ele nos massacrou. Nem conseguimos nos defender, muito menos atacá-lo... enquanto os assistentes dele apenas assistiam.

Link franziu a testa, ponderando a gravidade da situação.

— Se isso continuar, os bandidos vão acabar dominando todas as masmorras que surgirem nesta rodada. Vou reunir um grupo de subjugação e conquistar pelo menos uma antes que eles tomem todas. Precisamos de mais recursos se quisermos sobreviver. — Sua voz carregava preocupação, mas também uma firme determinação.

— Os bandidos mencionaram que planejavam dominar a Masmorra de Pedra, que surgiu ao sul da cidade, mas estão sem pessoal disponível no momento, já que a maioria deles está focada na conquista da masmorra ao leste. Ouvi dizer que lá existe uma foice com o poder de desintegrar matéria — relatou o líder do grupo antes de tomar mais um gole de sua bebida.

Link estreitou os olhos, assimilando a informação.

— A masmorra do sul, huh...? Vou adicionar os novatos ao grupo de subjugação e atacar o mais rápido possível. Vocês podem ir para casa descansar, e eu providenciarei uma compensação pelos danos que sofreram — declarou Link, levantando-se da mesa.

"Os Dentes de Sabre, hein? O que o aquele cara está planejando ao tentar conquistar todas as masmorras?" — ponderou Link enquanto caminhava de volta ao campo de treinamento.

Assim que chegou, Muiizame Koya o notou e abriu um leve sorriso.

— Oh, você voltou? Todos os oito já conseguiram manifestar suas habilidades — informou ele.

Link assentiu, mas sua expressão permanecia séria.

— E então... vê algum talento promissor entre os novatos? — perguntou Link, ainda carregando uma expressão preocupada.

Muiizame Koya sorriu de leve, cruzando os braços.

— Choi Haneul conseguiu manifestar a habilidade da luz poucos minutos depois que expliquei como usar os poderes. Se continuar nesse ritmo, em alguns meses ela poderá dominar suas habilidades de forma incrível... e talvez se tornar tão forte quanto o líder dos bandidos.

Link arqueou uma sobrancelha, intrigado.

— Choi Haneul? Esse nome me soa bem familiar...

Muiizame inclinou a cabeça ligeiramente, pensativo.

— Esse não era o nome da irmã mais velha do Jihoon?

— O ferreiro? — questionou Link.

— Ele mesmo. Quer perguntar a ele? — sugeriu Muiizame.

Link soltou um suspiro antes de responder:

— Podemos ir depois. Aposto que ele está trancado em sua casa forjando novas armas.

"Choi Haneul, hein...? O Koya não costuma elogiar ninguém assim. O quão talentosa ela realmente é?" — pensou Link, enquanto conduzia os novatos até uma casa vazia.

Rodada 25: Dia 1, 20:00 – Masmorra do Julgamento

Em meio a uma floresta de plantas azuladas que refletiam a luz da lua, um homem alto e musculoso caminhava lentamente, carregando uma foice imensa sobre o ombro.

"Essa arma é ainda mais pesada do que eu imaginava. Quais são os requisitos de ativação?" — pensava ele enquanto saía da masmorra, sentindo o peso e a potência da arma em suas mãos.

Sua figura imponente se destacava no ambiente. A capa de pele de urso que usava como manto envolvia seu corpo, o capuz jogado para trás, revelando cabelos negros e meio longos que balançavam levemente com o vento. Seus olhos escuros carregavam a frieza de um guerreiro experiente. Um colar de presas de lobo repousava sobre seu peito, enquanto uma pulseira tribal adornava seu pulso.

Assim que ele deixou a masmorra, as plantas azuis começaram a soltar uma névoa fina, e lentamente sua coloração voltou ao verde. As antigas estruturas de pedra ruíram, e o local retornou ao estado original de uma simples floresta.

Do meio das árvores, um homem baixo surgiu apressado, segurando um pergaminho.

— Senhor Aegon saiu, confirmando a vitória contra a Masmorra do Julgamento às 8 da noite do primeiro dia da Rodada 25. Posse do artefato também confirmada. — anunciou o assistente, folheando rapidamente um livro antes de lançar um olhar atento ao homem à sua frente.

Ele fez uma breve pausa antes de acrescentar:

— O senhor está cada vez mais perto do seu objetivo, não é?

Aegon manteve o olhar fixo no céu estrelado por um instante, como se refletisse sobre aquelas palavras. Então, sem desviar os olhos, respondeu com simplicidade:

— Vamos voltar para a caverna.




Roteiro por: Cheolhyeol

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